Crítica 3: Capitão América: Guerra Civil (2016, de Joe Russo e Anthony Russo)







O texto poderá conter spoilers, portanto se você não viu o filme, pare aqui!

Chega a hora de comentar sobre o filme mais esperado pelo grande público para o cinema de 2016. Embora eu espere mais de alguns outros títulos, é óbvio que também tinha certa expectativa para com ‘Capitão América: Guerra Civil’, que traria o tão esperado combate de duas equipes de heróis da Marvel. De um lado temos o grupo do Capitão América. Do outro, o time do Homem de Ferro. Estas batalhas internas do Universo de super heróis tem dado o que falar. Em Março, ‘Batman vs Superman’ da DC arrecadou muito dinheiro, mas foi injustamente mal recebido pela crítica. Escrevi a minha visão explicando os motivos de defender o filme aqui! Comparar os filmes não é justo, mas é inevitável até certo ponto. Ambos são bons por motivos diferentes, cada um tem seu estilo e pegada. Mas ironicamente ambos tem defeitinhos mínimos bem semelhantes. Defeitinhos que não estragam os filmes, mas que apenas impedem de se dar uma nota máxima. Então começarei citando os pequenos defeitinhos de ‘Guerra Civil’.


Senti falta de uma trilha sonora marcante, uma melodia sonora que seja épica e do nível do heroísmo, isto é algo que o filme da DC acertou. Entre os defeitos similares, temos aqui vilões um tanto fracos. Ossos Cruzados serve apenas para fazer ligação com ‘O Soldado Invernal’. Já o Barão Zemo é bem diferente, humanizado e fraco no quesito poder, mesmo que muito bem atuado por Daniel Brühl. Outro problema pequeno é o excesso de informações em aberto, porque mais uma vez temos a “preparação do terreno” para o que está por vir. Na necessidade de continuar a saga, temos alguns detalhes deixados em aberto. E ainda causa um pouco de desconforto a falta de coragem da Marvel de matar um personagem importante. Tantas lutas e confrontos, mas não há baixas, deixando aquela impressão de que os confrontos são mais do mesmo. Estes detalhes do roteiro e da história da saga da Marvel tem impedido que os filmes alcancem a nota máxima. Mas os problemas ficam por aí, felizmente.

A direção de Joe Russo e Anthony Russo (os Irmãos Russo) está ainda melhor do que em ‘Soldado Invernal’. As lutas são corporais, eletrizantes e um pouco mais violentas, com a presença de um pouquinho de sangue e machucados. O ritmo é frenético e às vezes parece ter uma influência do estilo que o novo ‘Mad Max’ trouxe ano passado. É um filme mais denso, maduro e levemente obscuro. Os próprios Russo admitiram assumir este estilo por causa da concorrente DC. E isto gera um ganho para o público, com filmes cada vez melhores. O roteiro consegue construir muito bem a necessidade deste confronto existir. Há perdas, há consequências, há coisas que precisam ser pagas e questionadas. Ambos os lados estão certos e errados e é nesta complexidade emocional que o filme ganha força. Se os vilões são fracos no quesito poder, pelo menos Zemo é humanizado e tem motivações realistas e emocionais. E quando temos um grupo de heróis falhos, com orgulho e desavenças, nem precisamos de vilões, eles mesmos cumprem esta função.

O elenco grandioso está de parabéns. É o filme que melhor reúne um número de heróis tão grandiosos. Embora Chris Evans ainda não seja um grande ator, está muito maduro e centrado no papel, apresentando um Capitão América idealista. Robert Downey Jr. continua vários níveis acima dos outros. Se por um lado ele é o personagem mais egoísta e excêntrico da saga, sendo culpado por muita coisa, por outro é o ator que melhor interpreta seu papel. Ele é o Homem de Ferro e surpreende aqui com uma atitude mais consciente. Dentre o desfile de tantos outros heróis coadjuvantes, três se destacam. O Homem-Formiga entra na saga de maneira hilária e muito simpática. O novo Homem-Aranha de Tom Holland também é hilário e mesmo que jovem, muito ágil e bom de briga. E ainda temos o poderoso Pantera Negra, a cereja do bolo do filme. Majestoso e forte, é muito bem interpretado por Chadwick Boseman. Nas lutas tem desenvoltura e movimentos que realmente lembram um felino. Nas cenas dramáticas tem uma ótima atuação e uma presença séria e de respeito. Foi a grande revelação do filme.


Os efeitos especiais são ótimos e fiquei feliz de não serem exagerados, mas utilizados na medida certa. O filme é rico em detalhes vindos do universo dos quadrinhos, easter-eggs, a sempre clássica e obrigatória participação do genial Stan Lee, dentre outros detalhes que farão os nerds pirarem. Um filme que apesar de longo (2 horas e meia), flui de maneira fácil de acompanhar. Temos um início explosivo; um meio lento mas muito bem amarrado e de construção da situação e do que leva ao conflito e temos um final eletrizante e emocionante. A luta do aeroporto é épica e já se tornou um clássico da Marvel. 

‘Batman vs. Superman’ foi bom, sólido e sombrio. ‘Capitão América: Guerra Civil’ foi levemente superior por fluir de maneira mais leve e divertida, um outro ótimo filme que quase se tornou o melhor filme da Marvel. Ao menos é melhor que o enrolado ‘Era de Ultron’. A constelação de atores e personagens é de encher os olhos. Uma produção emocionante, que traz o melhor dos atuais filmes de super heróis. Já ansiamos pelos próximos capítulos, que incluem os filmes solos do ‘Homem-Aranha’ e do ‘Pantera Negra’, as continuações de ‘Thor’, ‘Homem-Formiga’ e ‘Guardiões da Galáxia’, além dos mega esperados ‘Guerra Infinita’, que se dividirá em duas partes. Na direção teremos os Irmãos Russo novamente, o que já nos deixa confiantes. Mas antes disto teremos em Novembro a adição de um outro novo herói, o ‘Doutor Estranho, que irá trazer misticismo à saga. A Marvel vem fazendo um caminho de sucesso nos cinemas. Que a DC também consiga isso. E que nós, como meros expectadores, sairemos ganhando ao ver o melhor de ambas produtoras.

NOTA: 9,5

Direção: Joe e Anthony Russo

Elenco: Paul Rudd, Scarlett Johansson, Chris Evans, Tom
Holland, Elizabeth Olsen, Robert Downey Jr., Jeremy Renner, Sebastian Stan, Emily
VanCamp, Leslie Bibb, Paul Bettany, Stan Lee, Martin Freeman, Anthony Mackie, Daniel
Brühl, Chadwick Boseman, Frank Grillo e Don Cheadle.

Sinopse: depois dos
eventos de ‘Vingadores: Era de Ultron‘, ‘Capitão América: Guerra Civil‘
encontra Steve Rogers liderando o recém formado grupo de Vingadores em seus
esforços contínuos para proteger a humanidade. Mas após outro incidente,
envolvendo os Vingadores, resultar em danos colaterais, aumenta a pressão
política para instalar um sistema de responsabilização, comandado por uma
agência do governo para supervisionar e dirigir a equipe. O novo status quo
divide os Vingadores, resultando em duas frentes – uma liderada por Steve
Rogers e seu desejo de que os Vingadores se mantenham livres para defender a
humanidade sem a interferência do governo, e a outra que segue a surpreendente
decisão de Tony Stark de apoiar a responsabilização e supervisão do governo.
Prepare-se para escolher um lado e se juntar à ação ininterrupta, agora em duas
frentes.



Trailer:







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