Especial: 5 documentários sobre crimes reais que você precisa assistir.


O documentário é um gênero realmente fascinante. Desde o seu nascimento acidental, lá nos primeiros anos do Cinema, até os dias de hoje, principalmente nos últimos anos, figura sempre entre os destaques da produção cinematográfica anual. Mesmo de acordo com a noção de que ele não representa fielmente a realidade, mas a visão subjetiva do autor sobre ela, é inegável o prazer de nos envolvermos com histórias reais como se víssemos uma ficção.
Se falamos de envolver o espectador, nada melhor que histórias de crimes reais. Elas acontecem com perturbadora frequência (caso se esqueça do que o homem é capaz de fazer com seu semelhante) e tem contornos incríveis que só imaginaríamos num thriller. Abaixo, proponho ao leitor 5 documentários excelentes que falam sobre crimes, investigam o lado sombrio das pessoas, discutem as falhas e injustiças dos sistemas judiciários e se revelam retratos sociais e políticos de uma época.


1 – Amanda Knox (2016)

Direção: Brian McGinn, Rod Blackhurst




Abro a lista com este que, apesar de considerar inferior aos próximos, é um dos mais recentes e está disponível na Netflix. Ele conta a história da americana Amanda Knox, acusada, aos 20 anos, de assassinar a estudante Meredith Kercher, de 21, na cidade de Perugia, na Itália. O crime ficou conhecido mundialmente em 2007 pelas circunstâncias misteriosas e o comportamento dúbio de Amanda, o que acabou a colocando numa narrativa de amor/ódio por parte da opinião pública. O maior mérito da obra de McGinn e Blackhurst é não julgar a acusada de imediato. Somos apresentados ao caso, ao julgamento, às circunstâncias e aos principais envolvidos na história. Entre os principais assuntos abordados, está o papel da imprensa sensacionalista, os depoimentos da própria acusada no documentário e a incompetência de algumas autoridades policiais e da justiça italiana.




2 – Making A Murderer (2015)


Direção: Laura Ricciardi, Moira Demos



Nesta produção original da Netflix, somos apresentados ao impressionante caso de Steven Avery, que é solto depois de ficar preso durante 18 anos por um crime que não cometeu. Essa é somente a sinopse da série de 10 episódios, já que a produção trata, na verdade, de outra acusação envolvendo novamente Avery. É um caso repleto de reviravoltas e situações dignas de figurar em um thriller hollywoodiano. O estudo do caso é apresentado com detalhes enquanto acompanhamos o julgamento e os advogados de defesa. O documentário levantou novamente a questão dos problemas no sistema judiciário americano, principalmente por ter ignorado questões importantíssimas relativas à presunção de inocência, além de ainda tratar de questões envolvendo autoridades policiais, confissões forçadas e as aparências da família Avery. A obra é demasiadamente extensa, mas é impressionante e vale ser vista.




3 – The Jinx – A Vida e as Mortes de Robert Durst (2015)

Direção: Andrew Jarecki



Esta incrível produção da HBO deixou a sociedade americana perturbada em 2015. Robert Durst já era uma figura bastante conhecida no país pelo seu suposto envolvimento em 3 crimes ocorridos em diferente épocas de sua vida (sua mulher, um vizinho e uma conhecida de Durst) e por pertencer a uma família de empresários muito conhecida nos EUA. O documentário analisa todas as fases envolvendo os supostos crimes e conta com a participação do próprio Robert Durst, que foi quem procurou a produção da HBO no desejo de “limpar sua reputação”. O mais fascinante, porém, é que o foco não é só na trama criminal, e sim na personalidade perturbadora e estranhamente carismática de Durst. Em certos momentos, tem-se a impressão de se tratar de um personagem escrito para um filme centrado em seu comportamento estranho. São 6 episódios ao todo, sendo que os momentos finais do último estão certamente entre os mais inacreditáveis dos últimos anos. (Recomendo fortemente que não pesquise sobre o assunto antes de ver a série).




4 – O.J – Made in America (2016)

Direção: Ezra Edelman






“The Juice”, como ficou mundialmente conhecido O.J Simpson, foi uma das personalidades mais famosas da cultura pop americana. Considerado um dos maiores jogadores de futebol americano do país, se tornou uma gigantesca personalidade esportiva e televisiva durante sua ascensão nas décadas de 80 e 90. No dia 12 de junho de 1994, sua ex-mulher e um amigo foram encontrados mortos a facadas na frente da casa dela. A partir daí, começou um dos maiores circos midiáticos da história da imprensa americana. Todo o processo de julgamento foi extensamente coberto pelos jornais. O caso ganhou notoriedade mundial e envolveu grandes personalidades da justiça americana. Criou-se um palco onde grande parte da população ainda adorava a figura de Simpson e o defendia com afinco, mesmo com provas fortíssimas de sua culpa. O documentário da ESPN, divido em 5 partes equivalentes a um filme, é extremamente hábil em não só mostrar detalhadamente o crime e o processo de julgamento, mas em estudar minunciosamente a vida e a queda de uma grande personalidade americana (‘made in america’), além de servir como uma aula de história ao investigar profundamente a questão do racismo em Los Angeles. A história de O.J ganhou também uma ficção premiada: a série American Crime Story, exibida em 2016.




5 – Trilogia Paradise Lost (1996, 2000, 2012)

Direção: Joe Berlinger, Bruce Sinofsky, Bobby Smyth



Deixei por último o que considero o melhor e mais importante. Em 1993, três crianças foram encontradas mortas em uma área de floresta nos arredores da cidade de West Memphis, Arkansas, abandonadas à beira de um córrego e com sinais de tortura. Pouco tempo depois, três adolescentes, Jessie MissKelley, Jason Baldwin e Damien Echols, foram presos como principais suspeitos do crime. O primeiro filme, de 1996, mostra grande parte do julgamento que condenou dois dos suspeitos a prisão perpétua e que mandou o outro para o corredor da morte. A sensação de assistir ao processo, acompanhado pela equipe da HBO, não é outra senão a revolta. Sem nenhuma prova concreta, os suspeitos foram condenados por uma infinidade de “relações circunstanciais” construídas por uma polícia vingativa, um tribunal despreparado e uma população repleta de fanáticos religiosos. Não a toa, o principal motivo para a condenação citado pela opinião pública era o “satanismo”, principalmente porque eles eram “adolescentes-problema”, gostavam de rock e de vestir roupas pretas. Nunca antes ficaram tão expostas as falhas absurdas de um processo criminal americano. O filme fez o caso ganhar notoriedade, sendo lançado, em 2000, um segundo filme que mostrava um grupo de advogados especializados em casos de condenação sem provas suficientes se interessando em tomar parte da defesa dos jovens e tentando conseguir um novo julgamento. Em 2012, saiu o terceiro filme, que foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário e conta o desfecho de toda a história. Posteriormente, um outro documentário chamado A Oeste de Memphis, que faz um resumo de todos os acontecimentos até ali, foi lançado em 2014. Ainda ganhou também uma ficção chamada Sem Evidências, estrelada por Reese Witherspoon, de 2013. Os três ficaram conhecidos nos EUA por “Os Três de Memphis”, ganhando campanhas da população clamando por um novo julgamento, contando, inclusive, com a ajuda de figuras famosas como Johnny Depp, Eddie Vedder e Peter Jackson. É uma história imperdível e marcante.



E você, conhece outros documentários importantes com essa temática? Deixe seu comentário.

Deixe uma resposta